Café com o Sensei

Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa

12-abr-2013

Hidensho 29 - Jogadas Cantadas


"Desde que me conheço por gente sou admirador dos samurais.

Conheci o Niten atraves do livro do Sensei Shin Hagakure, o da primeira edição. A partir daí,  vez ou outra navegava no site do Instituto.
Confesso que quando lia algumas colunas que o Sensei postava no Café enviado por algum aluno,muitas vezes achava essas mensagens bajuladoras.
Pensava dessa forma porque não conhecia o bushido o código de honra que os samurais seguiam.
Depois que entrei no Niten minha forma de enxergar as coisas mudou muito. Quando a transformação ocorre você não dá conta, só percebe depois que aconteceu.
Hoje em dia, sou eu quem envia mensagens de agradecimento ao Sensei, e quando releio as enviadas pelos sempais não acho nem um pouco bajuladoras, muito pelo contrário. Na verdade faltam palavras para agradecer.
Passamos a ter esse tipo de sentimento, na minha opinião, porque aprendemos observando as atitudes do Sensei e dos sempais mais próximos a ele. Não por palavras mas sim com a forma de agir em todo momento.
Tive a oportunidade de entregar um orei de agradecimento a um jornalista enviado pelo Sensei. É incrível a diferença que isso pode fazer na vida de uma pessoa. Hoje temos tantos afazeres, buscamos tantos resutados que a última coisa que fazemos é pensar no próximo. Eu sei que o olhar do homem ao receber o presente não era para mim e sim para o Sensei. Mesmo assim senti orgulho de ser parte do Niten.
Essas atitudes comportamentais não são só sociais, são marciais também. Tive um mestre de judô, quando tinha uns 12 anos que dizia que lutava muito, detalhe, eu acreditava porque nunca tinha visto.
No Niten vemos o Sensei lutar com todos os alunos desde os mais novos até os mais graduados e até hoje não vi ninguém páreo.

Quem acompanha o Café com certeza já leu relatos de 10  mens consecutivos. Eu levei 20 e sou testemunha que no mesmo dia um colega de treino também levou 20 e todos foram jogadas cantadas. Palavras do Sensei: " Eu vou no men, defende o men" e não tinha erro, mais um men ippon.
São essas ações e tantas outras que só podem ser notadas pessoalmente que me transmite o sentimento de que depois de trinta anos de vida eu estou pela primeira vez seguindo um caminho."
Weber (Unidade Vila Mariana -Nikkyoji)
 

Nos primeiros dias, o aluno admira o mestre.
Passados alguns anos, a admiração, tal como vários sentimentos da vida, desaparece. Já não sente tanta emoção ao encontrar o mestre como nos primórdios. Falta às aulas.
- Não tem problema, na semana que vem eu vou encontrá-lo e aprendo o que foi passado hoje - pensam.
O tempo passa e segue-se, por parte deste aluno, a impressão de que já sabe tudo e o mestre não estava tão certo assim.
Mais alguns anos, se este aluno tiver a paciência de um "gafanhoto" começa a lembrar que as palavras do mestre tem sentido e, por final, volta a admirar o mestre. Percebe que não pode "deixar para semana que vem".
Este é o caso de alguns raros "gafanhotos"que não se deixaram levar pelos males do coração. Não desistiram. Não "rasgaram o sutra" (Leia o  Shin Hagakure na página 76). Continuaram.
E são eles que, um dia, acertarão os 20 golpes consecutivos em "jogadas cantadas"...



Weber, Sensei e Camina de Florianópolis no treino da manhã de ontem