Café com o Sensei

Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa

17-out-2008

Não é coreografia. É combate!

O samurai Miyamoto Musashi (para nós do Instituto Niten, Musashi sensei) já dizia há quinhentos anos que muitos estilos estavam preocupados mais em florear a sua arte que colocar conteúdo. Condenava os estilos que se preocupavam demais com a postura ereta, flexionar os joelhos ou se apegar a detalhes de como fazer uma postura (kamae) "correta". Outros faziam malabarismos rodopiando a espada como esses meninos de rua no farol com pauzinhos.
- Nada disso tem a ver com o Verdadeiro Caminho da Espada.- dizia Musashi sensei.
- Então, se florear não é preciso, o que é preciso, uma vez que se adentra no treinamento com a espada samurai?
Para respondermos a esta questão, temos que nos perguntar, antes de tudo, o que é ser um samurai.
- É aquele que serve - no latu sensu da palavra - é o que você vai me dizer e que alguém com um pouco mais de estudo já sabe.

E então?
A questão é: mas não adianta querer servir, se não tiver força.
E de onde vem a força?

Vem da coragem. Em japonês, "yuu" ou "konjo" e que era a virtude mais importante ao lado da honra para os samurais. Isso desde a infância. Da mesma maneira que os leões lançam seu filhotes ladeira abaixo, faziam também com seus filhos.
Nossos alunos são treinados*, já nos primeiros dias, a lançarem-se sobre os seus adversários como os leões (13out - Ordem Unida).
Não precisa estética.
É preciso conteúdo.
Antes a coragem. Depois a estética.



* no combate de kenjutsu, regido pela CBKO (Confederacao Brasileira de Kobudô), existe o "en", um circulo que se assemelha ao "dohyo", a arena de sumô. Aquele que sair primeiro, ou for arremessado pelo adversário, tal como no sumo, dá ao seu oponente um "yuko", um meio ponto.